quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

CAI A NOITE...


CAI A NOITE...


Cai a noite docemente...
Abraço o travesseiro
onde os sonhos começam
a tomar formas.
Despida das vestes cinzas
do dia, acendo uma chama
sobre a vertigem do seu coração.

Com isso, o ar trepida, perturbado,
afastando qualquer traço de pudor
e perfumes fortes pairam no ar,
perfurando a parede entre
o coração e a razão.

Lentamente a paixão aparece,
depois enfurece, como ondas
batendo em praias sem pátria.
Nesse torvelinho vejo imagens,
sinto palpitar os sentidos,
como se fossem vivos
até que, exausta, agarro
a bandeira da esperança.



Lully

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