sábado, 31 de outubro de 2009

A reverência do poeta

Em divinos e mágicos momentos,
algumas pessoas fazem-me sentir no lugar errado.
Do poeta deveria ter apenas o dom da inspiração.
Para poder dar vazão
Ao que viaja pela mente alheia
Deixando o sentimento mais forte,
Suavemente chegar ao coração.

Transportar e ver a vida passar
Lentamente na tela branca e amarelada da imensidão.
Filme reprisado, aquele que todos já vimos.
Um horizonte chamado paixão.
Com sinopse e roteiro de amor,
Que brinca com a vida,
Numa dança sensual com a morte.

Alimenta-se da saudade.
E em si só aplaca a cada dia a dor.
Destila-se, muda-se com a ausência.
Torna-se a cada dia mais contemporâneo,
Cada dia menos paixão,
Cada dia mais amor.

Edson Carvalho Miranda
31-10-2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Confissão

Confesso, confesso o inconfessável!

Confesso até o que não fiz.

Confesso o crime que não cometi.

Confesso apenas para saber por qual motivo

cumpro a pena que me é imposta,

pois como pode?

a vida viver longe da própria vida?

O chocolate do leite?

O picante longe da pimenta?

A abelha do mel e a nuvem do céu?


Essa pena arbitrariamente imposta a mim,

a nós, pelo mundo,

dia a dia, sol a sol.

E mesmo com as alcovas abertas,

não existe nenhum desejo

em deixá-las e caminhar livre porém sozinho,

sobra apenas o medo de te ver em outro ninho.


Quem foi este tão severo juiz?

Que teve a coragem de decretar

pena tão dura e severa

para quem o único pecado tenha sido amar.

Agora, dois corações que de desejo e saudades

desenganam-se e enganam-se tentando ser feliz

buscando conforto e segurança

e uma maneira de desobedecer o juiz.


Que mal você fez?

Que mal eu fiz?


Confesso que já perdi não só a esperança,

já perdi a fé, e também a confiança

não vejo mais os obstáculos. Estou parado!

Como se tivesse defronte a uma muralha.

Como se nadasse sempre contra a maré

em águas revoltas, turvas e que nunca me dão pé.

Para qualquer direção que eu vá

o único horizonte que miro e me reluz é você.


Agora que já se foi,

como fazer para continuar a nadar

que motivo existe para viver?


Edson Carvalho Miranda

22-10-2009

O Poço

Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.

Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.

Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.

Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.

Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.

Pablo Neruda

domingo, 18 de outubro de 2009

Tempo e espaço

Não sei explicar o que seja a relação tempo-espaço,

Para mim tempo é tudo o que decorre entre sua saída e o seu retorno.

Espaço é todo aquilo que separa os nossos corpos.

Relação é quando o tempo não torna-se um detalhe e o espaço some!


Edson Carvalho Miranda

18-10-2009

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A minha velha insônia.

“Sabe aquelas noites em que deitamos, até com um pouco de sono, mas nos recusamos a dormir pois tudo que ronda nossos pensamentos é o rosto da pessoa amada e tudo aquilo que sonhamos de bom para nossas vidas. Aquela casa grande, com um belo jardim e um quintal florido, a piscina com as crianças bagunçando, o cachorro latindo em volta, a bela árvore com a preguiçosa rede e você de sombreiro vindo em minha direção, com o sorriso mais lindo do mundo e, deitando-se sobre mim e com o largo sombreiro a nos tapar, me beija sussurrando-me o tamanho do nosso amor. Vejo que também, independente do nível social que viermos a ter, esse amor e essa felicidade seriam os mesmos. Após duas horas de sonhos acordado, meu sono se vai de vez e a única coisa que me sobra é a tela do computador, a saudade da sua presença, o aperto no peito e a inspiração para escrever os sentimentos mais profundos que ouso ter dentro de mim.

Assim sento e escrevo tentando de forma quase baldia esconder como esse sentimento me faz tão bem e tão mal, me leva do firmamento ao érebo em mais uma noite, na qual os caprichos de Morfeu não me são um direito, quiçá uma recompensa pelo cansativo dia”.



Quanto mais ar eu possa respirar

E deixar meu corpo sossegar

Na intenção do meu sangue esfriar

Meu coração, não posso aplacar.


É a sua falta, mas também sua presença

O simples saber de sua existência

O fato da lembrança

que faz ele se descompassar.


Esse coração só se aplaca com pouca roupa

Com ar que sai da sua boca

Com o seu corpo que desfalecendo em prazer

Esfria essa tormenta ardil que sinto por você.


Só assim vendo seu semblante dormindo

Os traços saciados e tranquilos

O perfil do seu corpo ao longo do meu aconchegado

É que me vem a necessidade do cochilo.


Edson Carvalho Miranda

16-10-2009

sábado, 10 de outubro de 2009

PARA MEU CORAÇÃO TEU PEITO BASTA

Para meu coração teu peito basta,
para que sejas livre, minhas asas.
De minha boca chegará até o céu
o que era adormecido na tua alma.
Mora em ti a ilusão de cada dia
e chegas como o aljôfar às corolas.
Escavas o horizonte com tua ausência,
eternamente em fuga como as ondas.
Eu disse que cantavas entre vento
como os pinheiros cantam, e os mastros
Tu és como eles alta e taciturna.
Tens a pronta tristeza de uma viagem.
Acolhedora como um caminho antigo,
povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Despertei e por vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam em tua alma.

Pablo Neruda

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Pensamento

Se a melhor coisa do mundo se faz com muita calma e bem devagar, porque trabalhar e viver correndo?
Pense nisso!

O suficiente...

Depois de muito buscar a felicidade,
em todos os lugares, em todas as pessoas,
em todas as baladas, noitadas e até nas corrutelas.
Procurei desde a moça desprovida até a mais bela.
Algumas vezes sendo amado, outras...amando,
várias sendo machucado e algumas confesso...machucando.
De tudo já me ocorreu, até já me peguei suspirando pela amiga dela.

Desejo, doença, vingança, dor? Amor? Como saber?
O melhor mesmo foi nunca pagar para ver.
E só eu fui responsável pelo meu sofrer.

Ainda não me sentia feliz, sentia
a necessidade de buscar o desconhecido
De me livrar do aperto no peito
e também do sentimento maldito,
não buscar apenas a excitação,
deixar por conta do acaso, da libido,
não olhar para o lado, para a frente,
olhar com desprezo e rancor para o passado
e nunca para dentro.

Suficiente, o desejo de buscar algo ou alguém
que sabe retirar o máximo do mínimo
e, ainda assim, guardar reservas.

Olhando para todos os lados
descobri que a minha resposta é a palavra suficiente,
ainda não sei como usá-la, mas sei que é a resposta
para todos os meus sentimentos e também para as minhas duvidas,
sabendo que a vida é um pouco de tudo,
é só não abrir mão do desejo ou substituí-lo por algo que não traga o mínimo de prazer.
Trabalhar o suficiente!
Estudar o suficiente!
Se esbaldar o suficiente!
Beber o suficiente!
Amar o suficiente!
Viver tudo plenamente.
Ser extraordinariamente feliz.... Comigo mesmo.

Flor do oriente!

Você faz falta e a saudade é latente,
com esse perfume de mulher decidida,
com esse olhar de donzela reprimida
e com a atitude de mulher caliente
me deixa cada vez mais a deriva
sedento de um porto
sedento de um corpo
desejando que cada flor jogada ao mar
seja você para me salvar.


Essas palavras foram feitas para agradecer os gestos de carinho e desprendimento de uma amiga muito querida que hoje está morando lá do outro lado do mundo.

Obrigado Hiroko.

Edson Carvalho Miranda
05-10-2009


Amigos que inspiram.

É engraçado, você consegue ter uma simplicidade e uma magia no jeito de ser, misturada a uma altivez e a uma atração que, simplesmente, me intrigam e me deixam sem muita ação.
Você não é o que se pode chamar de humilde, porém não esnoba nada nem ninguém, sequer um minuto de vida intensa, plena e feliz.
Você é o segredo de felicidade mais mal guardado que já vi e que, ainda assim, ninguém descobre a fórmula.
Você é uma daquelas pessoas que desejamos ter ao lado sempre, pois até longe, no simples fato de um oi, um telefonema, ou por olhar velhas fotos, traz alegria e vivacidade à tona, a essência de ser humano.
Você parece a rainha da selva de pedra que a forja, essa mulher versátil e forte mas também a rainha das suas origens a beira dos rios e da mata,
Você é a minha rainha querida e querida amiga Renata.

“Homenagem a uma amiga muito querida que leva junto a si a felicidade, onde quer que vá. Parabéns Renata!”

Edson Carvalho Miranda
06-10-2009